Eu tenho medos bobos e coragens absurdas. Eu vivo cercada de pessoas por fora da minha bolha egocêntrica, infantil e sensível. Eu vivo à espera daquele momento, mas não sei que momento é esse. Às vezes sinto cheiros e morro de saudades de coisas que já não me lembro mais. Passo metade do dia odiando minha vida e querendo ser sugada pela minha própria insignificância. A outra metade passo rindo do quanto sou dramática e exagerada. Adoro o toque do telefone que quebra o barulho do abandono, a força leve da caneta no papel que pode transformar tantas coisas e o som do carro chegando na chuva para me salvar. Eu adoro ouvir música bem alta. Às vezes, eu gosto apenas da folha em branco, do silêncio, da noite e da janela fechada. Acho tudo o que se refere ao amor extremamente brega. Acho tudo o que não se refere ao amor extremamente infeliz. Sou essa mala monotemática mesmo, chata e obsessiva, mas que ama muito mais do que odeia, apesar de odiar isso.

domingo, 11 de abril de 2010

Odeio pessoas de gosto eclético

Já tenho observado há algum tempo: gente sem opinião sempre diz ter “gosto eclético”. Eu disse gosto? Que gosto?
Essa nova geração é um reflexo dos novos valores da sociedade atual - sem preconceitos, sem discriminação, ligada nas tendências de massa, prefere não criticar gostos alheios... Personalidade? Para que serve mesmo? Afinal, a vida é mesmo um moranguinho, não? Escolher alguma coisa pra gostar e conhecer: “Muita mão!”. O lance agora é gostar de tudo (sem conhecer nada). Depois que se escolhe por qual time se nutrirá um fanatismo doentio, nosso papel na vida já está garantido. O resto é efêmero: o que se adora hoje, amanha já não é tendência e, depois de amanhã, impossível lembrar até mesmo que existiu.
Sendo politicamente incorreta e totalmente fora dos padrões atuais de comportamento, aqui vai minha confissão: Sou preconceituosa, sim!
E para mostrar quanto é gigante o meu preconceito, ao invés de “chinelear” as minorias, vou me ater unicamente a criticar maiorias. Aí vai:
Odeio todas as vertentes musicais que terminam com a palavra “universitário” (essa é a maneira mais baixa que a mídia encontrou pra legitimar música ruim). Odeio "BBB". Odeio futebol e não torço pra time nenhum. Odeio o verbo “bombar” em todas suas conjugações, Odeio bandas de Forró. Odeio cantoras de axé. Meu ódio a pagodeiros mereceria outro texto inteiro (e talvez maior). Odeio catchup.

Odeio pessoas pegajosas que nem te conhecem direito já estão te abraçando. Ah, odeio gente que tenta salvar o mundo 24 horas por dia (verdadeiros “ecochatos”). Odeio os punks, góticos, hippies, nerds, metaleiros. (São a resistência ao irreversível, os anti-tudo da nova era). Odeio o surrealismo-do-bom-comportamento de Malhação. Aliás, odeio a Globo. Odeio festas que têm “folia” no nome. Odeio carnaval, é óbvio. Odeio meninas que se chamam de “miguxas”. Odeio gente repetitiva e por isso paro por aqui.

E para não ficar fora de moda, termino esse texto lançando uma nova frase-feita: “Ah, meu ódio é bem eclético...”

Um comentário: